A esperada cessação do trânsito do gás russo através da Ucrânia no final deste ano fará do gasoduto Balkan Stream, através da Bulgária, a principal rota de abastecimento da UE e da própria Ucrânia, relata Euractiv.
Esta questão foi comentada durante a visita do Diretor Geral da Direção Geral “Energia” Dite Yul Jorgensen ao centro de despacho da operadora estatal de gás “Bulgartransgaz” (BTG).
País de trânsito principal
A Bulgária tornar-se-á, a longo prazo, um país de trânsito fundamental para garantir o abastecimento à Roménia, à Moldávia e aos países do Sudeste Europeu.
Após a provável cessação do transporte de gás natural da Rússia através da Ucrânia a partir do início de 2025, o corredor vertical de gás através da Bulgária será o único projecto que poderá garantir tanto o transporte necessário de gás liquefeito como a continuação do funcionamento da rede de transporte de gás e subterrânea armazéns de gás na Ucrânia”, comentou o chefe do BTG Vladimir Malinov.
Desde o início da guerra na Ucrânia, a UE reduziu drasticamente as importações de gás russo, de mais de 50% para 15% no ano passado, mostram os dados da Comissão Europeia. Um total de 9% do fornecimento de gás russo à UE é feito através de gasodutos, sendo as restantes quantidades de gás liquefeito. Após a suspensão do corredor de gás ucraniano, o fornecimento à UE e à Ucrânia terá de passar principalmente pela Bulgária.
O país opera o gasoduto Balkan Stream, que é uma continuação do gasoduto Turkish Stream, que entrou em operação exatamente um ano antes do início da guerra na Ucrânia.
O projecto do presidente russo Vladimir Putin, que visava contornar a Ucrânia, foi apoiado pelos então líderes da Bulgária, Turquia e Sérvia – Recep Erdogan, Boyko Borisov e Aleksandar Vucic.
Após o início da guerra, a Rússia interrompeu o fornecimento de gás à Bulgária, mas as autoridades de Sófia não perturbaram o trânsito do gás russo para a Sérvia, Hungria e de lá para a Áustria. Separadamente, a Bulgária e a Grécia construíram uma interligação de gás que ligava a rede de gás búlgara ao Gasoduto Transadriático, transportando gás do Azerbaijão.
Esta ligação também permite a transferência de gás liquefeito dos terminais gregos e, através da “Corrente dos Balcãs”, o gás liquefeito pode ser importado dos terminais russos.
Corredor vertical de gás
Atualmente, a Bulgária e a Roménia não estão a utilizar o potencial do Gasoduto Transbalcânico, que era a antiga rota de trânsito do gás russo da Ucrânia, através da Roménia, para a Bulgária, antes do lançamento do Turkish Stream. A ideia das autoridades de Sófia é inverter a direção deste gasoduto e fazer da Bulgária uma rota de exportação de gás para a Roménia e a Ucrânia.
Este projecto é denominado Corredor Vertical de Gás, que é um projecto conjunto dos operadores de gás da Grécia, Bulgária, Roménia, Hungria, Eslováquia, Moldávia e Ucrânia para expandir as ligações de gás existentes entre eles.
Esta rota estratégica garantirá o acesso a quantidades adicionais de gás natural liquefeito para os consumidores da Europa de Leste”, afirma Malinov.
Com a implementação dos projectos para aumentar as capacidades da Grécia para a Bulgária e da Bulgária para a Roménia, será proporcionada uma possibilidade técnica de transferir as quantidades adicionais de gás natural, incluindo do Corredor Meridional de Gás e de gás natural liquefeito, com utilização máxima de as possibilidades da infra-estrutura existente”, acrescentou.
Ajuda financeira
As autoridades búlgaras discutiram com a Comissão Europeia o possível apoio financeiro da CE para a implementação dos projectos do Corredor Vertical. O valor total indicativo dos dois projetos BTG do Corredor Vertical de Gás é de 300 milhões de euros, excluindo IVA.
Procuramos opções para o financiamento dos projetos, nomeadamente através do aumento do capital da empresa, do financiamento de empréstimos, da utilização de garantias estatais e do financiamento europeu”, afirma Malinov.
O projecto de aumento da capacidade com a Grécia proporcionará também uma oportunidade para aumentar o abastecimento de fontes alternativas à Macedónia do Norte, para cobrir entre 50 e 80% do consumo diário do país.
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