Agrovoltaica – ajudando os agricultores e o clima

Agrovoltaica – ajudando os agricultores e o clima

Apenas 9% do potencial agro-PV esperado pode cobrir todas as necessidades de electricidade para a agricultura e a indústria alimentar na Europa Central. A região pode produzir até 191 TWh de eletricidade por ano a partir de painéis solares instalados para necessidades agrícolas. Isso é mais do que o consumo total de eletricidade da Polónia em 2022. Os dados vêm de um novo relatório do think tank Ember, citado por Euractiv.

Esta combinação de painéis solares e atividades agrícolas é conhecida como agrovoltaica ou agro-PV. Embora a prática esteja altamente desenvolvida no Japão, com cerca de 2.000 instalações agrovoltaicas em todo o arquipélago, permanece marginal na Europa. O relatório Ember recomenda investimento e estratégia para apoiar a construção de capacidade agro-PV na Europa Central.

De acordo com um relatório da Comissão Europeia de 2023, a Europa tem potencial para 1.000 GW de capacidade agrofotovoltaica. Em comparação, a estratégia solar da UE visa 590 GW de capacidade total de energia solar fotovoltaica até 2030.

Numa altura em que as ONG ambientais denunciam a falta de ambição dos Estados-Membros da Europa Central e Oriental nos seus planos climáticos nacionais, a agro-PV pode oferecer a estes países oportunidades adicionais de descarbonização.

De acordo com Ember, a implantação de apenas 9% do potencial agro-PV esperado poderia cobrir todas as necessidades de electricidade da agricultura e da indústria alimentar na Europa Central. No entanto, alguns países desta região, incluindo a Hungria, a Polónia e a Eslováquia, ainda não possuem regulamentações sobre a agro-PV. Em contrapartida, a Europa Ocidental, que tem políticas de partilha de terras para agricultura e produção de energia sem perder subsídios agrícolas, ostenta 200 projectos deste tipo.

Pavel Cizak, chefe regional da Ember para a Europa Central e Oriental, acredita que é necessária legislação especial. Caso contrário, os agricultores serão obrigados a utilizar as suas terras para uso industrial ou comercial se quiserem instalar painéis solares.

“Os agricultores perderão assim os subsídios agrícolas da Política Agrícola Comum – a sua principal fonte de rendimento”, explica Czyzak.

Prós e contras

A agro-PV tem vantagens ambientais, agrícolas e económicas. Em primeiro lugar, a colocação de painéis solares nas culturas pode fornecer sombra e produzir energia, ao mesmo tempo que permite a utilização de terras agrícolas. Esses sistemas também podem coletar água da chuva e redistribuí-la durante o dia.

A agro-PV também pode proporcionar aos agricultores um rendimento regular através da produção e revenda de electricidade. Se não conseguirem gerar rendimentos diretos, podem arrendar as suas terras ou tornar as suas explorações autossuficientes em energia.

Contudo, este tipo de tecnologia não é adequada para todos os tipos de produção agrícola. Por exemplo, algumas variedades de frutas e vegetais requerem acesso ilimitado à luz solar.

Além disso, instalar painéis solares no meio dos campos por onde passam máquinas agrícolas aumenta o risco de acidentes e danos aos equipamentos.

Por último, alguns observadores apontam para a possibilidade de os agricultores abandonarem a produção agrícola e viverem exclusivamente da venda de electricidade, que demora menos tempo a produzir e proporciona um rendimento mais estável.

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